21 de jan. de 2008

Marinheiro só







Nos encontros casuais, ao sabor das folgas, nunca havia tempo ou vontade para uma felação de qualidade. Ela sempre pedia. Ele se fazia de surdo. Mas naquela tarde quente de novembro, ele caprichou. Sentia cada músculo daquele corpo vibrando ao toque hábil de sua língua. Via os olhos semi-abertos e se esmerava mais, até que um som parecido ao de um animal ferido lhe confirmara o gozo. Era uma questão de honra, ele havia dito que faria isso um dia, por ela. Deixou-lhe ainda, na boca, um beijo de raro sabor. Saiu, e na mesa da sala, deixou-lhe também um bilhete, que dizia: “Despedida de responsa, não foi? Tô indo embora com o navio. Acho que dessa vez não volto. Não te falei na lata porque tu sabe que não agüento choradeira.”